Como tudo começou

“Muitas pessoas perguntam se eu venho de uma família de joalheiros. Não, eu não nasci joalheira (risos) e nem em joalheria. Quando eu era mais jovem admirava o ofício de ourives, achava importante, misterioso – aquela coisa de moldar elementos me atraía. Na infância eu tive um 'kit cientista' e passava horas brincando com ele, me sentia uma mini-alquimista. E eu gostava muito de consertar coisas. Sempre tive habilidade manual.

 

Eu conserto, crio, logo existo

“Durante a adolescência veio a vontade de criar coisas. Eu fazia filtros dos sonhos... e vendia! Eu criava acessórios com pedras, miçangas, conchas (sempre fui uma colecionadora de artefatos!), era tudo handmade mesmo e eu vendia na escola. As peças eram com arame, fio de nylon e fio de seda... e muitas pérolas! Com o tempo fui sentindo falta de criar peças com outros formatos, queria colocar fechos... Na verdade, eu queria fazer uma joia mas ainda não sabia (risos) – e não tinha as ferramentas e técnicas necessárias. Mas eu ainda não pensava no ofício de ourives ou ser joalheira e nem empreendedora. Até que um dia, um primo que estava fazendo um curso de ourivesaria, sugeriu que eu fizesse o curso. Aí eu fui atrás e nunca mais larguei!”


Processo artesanal

“Meu caminho foi meio inverso... Eu fiz cursos técnicos na área de ourivesaria – desde os tradicionais (que são minha praia) até os 3D. Eu aprendi primeiro na bancada – coloquei a mão na massa, aprendi a fundir e modelar metal e cera. Trabalhos bem manuais mesmo até chegar na parte de montar a peça. Só depois é que fui aprender a fazer design e acredito que seja algo contínuo, que vai se aperfeiçoando e amadurecendo com o tempo.”

 

O processo de criação

“Muitas coisas me inspiram. As viagens, quando eu me recarrego e tenho contato com coisas diferentes - paisagens, aromas, sabores, a flora, as cores, a cultura - são grande fonte de inspiração. Mas é a natureza que me alimenta então às vezes a inspiração vem de um bouquet de flores. Eu já tinha o Atelier quando comecei a fazer aulas de pintura para estimular a criatividade. Primeiro, foi com tinta acrílica, depois veio a aquarela e ela me encantou – pela leveza, fluidez, e porque inspira tranquilidade. Também observei, e senti, uma sinergia maior entre as aquarelas e a natureza, especialmente pedras e flores – elas têm uma sabedoria e estética próprias, e aprendi a respeitar isso. As pedras ou gemas são sempre diferentes umas das outras graças à natureza que se encarrega das colorações, formatos e desenhos únicos. Por isso, meu processo de criação vem do encontro das pedras (ou das gemas naturais). Eu gosto de olhar pra elas e ver como elas se completam - o balanço das cores, os formatos e tamanhos. É uma alquimia ! O design nasce a partir daí.

 

Empreendedora zen

Quando comecei a fazer joias, tinha um mini atelier em casa. Eu tinha 16 anos. Depois fui trabalhar no mercado corporativo, mantive minha bancada e ferramentas, e sempre que eu tinha um tempo, fazia peças para vender. Um pouco depois de deixar o mercado corporativo, em 2014, abri comercialmente meu primeiro Atelier para receber pessoas com horário marcado. Era na Rua Augusta. Depois fui para Rua Fiandeiras. Passei por várias mudanças e fui aprendendo a equilibrar a vida, com muita persistência. Gosto muito do que eu faço, no entanto confesso que os percalços do “empreender” são desafiadores. Mas amadureci e criei confiança ao longo dessa jornada, e conto com uma equipe de trabalho incrível *** e uma família excepcional *** que me apoiam todos os dias. Quando estou muito cansada lembro de tudo isso e minhas energias se recarregam imediatamente. Meditação e yoga também fazem parte da minha rotina e ajudam a não enferrujar o corpo e a alma, são minhas aliadas junto com a aquarela e a cerâmica (sim, também amo pintar e modelar) nessa busca por uma existência leve e alegre. Então olho para bancada de trabalho, reúno algumas ideias e pedras... e fico olhando pra elas pensando o que virá a seguir... Mais uma xícara de chá?